O debate sobre a responsabilidade pela qualidade das doações às bibliotecas comunitárias continua. Desta vez, Daniele Carneiro, que deu início à conversa, volta a opinar.
Para entender totalmente, leia a Biblioteca da Comunidade primeiro não é lixo e, em seguida, No Garbage is Garbage
Aqui está o que ela, Daniele Carneiro, escreve:
alessandro
Esta opinião serviu para fortalecer algumas opiniões que tenho sobre as bibliotecas gratuitas de iniciativa voluntária, e para fazer uma reflexão profunda sobre vários temas aí levantados.
Eu acredito que as pessoas devem ser educadas sobre como dar. Essa doação não é lixo, nem simplesmente se livrar de algo que o incomoda. Devemos orientar cada vez mais para que as pessoas façam doações conscientes, que tenham consciência do que estão doando, não para liberar espaço no armário e na garagem, mas para saber que estão fazendo bem a outra pessoa. Que sua doação será perpetuada pelo uso de outra pessoa. A doação precisa ser desassociada da ideia de “coisa velha e inútil”, vou continuar batendo nessa tecla daqui para frente.
Tenho minhas reservas sobre essa história de “receber todas as doações com um sorriso no rosto”. É preciso ter critérios e orientações para quem doa. Se a maioria dos doadores fosse um pouco mais cuidadosa e atenta aos objetos que doam, não haveria tanta besteira nas doações feitas aos moradores de rua de Teresópolis e Nova Friburgo onde doaram vestidos de festa, salto alto, peles casacos, comida vencida, sal, para pessoas carentes em estado de emergência, que precisavam de roupas para vestir naquele momento e comida para ser servida imediatamente, como já discutimos aqui na página dos Livros e em outras. Eu levantei essa questão no meu Facebook e muitas pessoas relataram besteiras sobre doações, pessoas que doam roupas rasgadas, botão faltando, zíper. É o mesmo com os livros. Achamos que o óbvio não precisa ser explicado e que todos têm discernimento quando se trata de doar, mas não é assim que funciona.
Ao conhecer mais de perto as pessoas que hoje são os leitores que utilizam a Biblioteca Comunitária Sítio Vanessa, fiquei ainda mais cuidadoso, ainda mais seletivo em relação aos livros que terão em mãos. Nas primeiras doações, pegamos os livros que achamos que seriam interessantes ter em uma biblioteca de cervos na Serra do Mar. Depois que os leitores começaram a nos contar o que queriam ler, comecei a procurar esses livros.
Gostaria de deixar bem claro que a Biblioteca Comunitária Sítio Vanessa é administrada por pessoas que entendem de livros. Os livros que têm um autor que não conhecemos são pesquisados antes de serem enviados para Morretes. Eu leio a maioria dos livros infantis para descobrir se eles estão de acordo com a educação que gostaríamos de dar aos nossos filhos. Os livros são analisados muito de perto, não descartados sumariamente. Então, também estamos aumentando nosso repertório em relação à cultura literária. Nossos leitores crescem e nós crescemos juntos. Se não se enquadram no padrão de leitura dos leitores do Bíblio do Sítio, fazemos intercâmbios, trocamos em um amigo nosso em São José dos Pinhais, por livros e revistas que nossos leitores pediram.
Outra coisa: nunca colocaremos ninguém em um farol para cobrar seu pedágio. É a opção de gerenciamento da biblioteca daquele escritor, mas não é o nosso caso. Na verdade, vai contra tudo em que acreditamos, enfim, cada um vai de acordo com a sua vontade.
Uma biblioteca gratuita e / ou comunitária funcionará de acordo com seus fundadores, e a tarefa que nos propomos é levar livros aos moradores e promover eventos para as crianças das escolas rurais da Estrada do Anhaia, de acordo com o projeto que criamos. (Eu e Juliano Rocha) com Edemilson Pereira (dono do Sítio Vanessa). Não existe um manual para gerir uma biblioteca gratuita ou comunitária, cada uma atuará como for correta, necessária e principalmente de acordo com os princípios do local onde está instalada. E nossa biblioteca é gratuita, com base nos princípios da Biblioteca Honey Pot. Uma iniciativa de três pessoas que ganhou muita simpatia nas redes sociais, sem ter que apelar à pena. Não vemos os livros como “quilos”, mas como volumes que são cuidadosamente pensados, sejam ou não para a biblioteca. Quando eles não servem, trocamos com outras bibliotecas. Levamos uma caixa de livros que não tinham relação com o perfil dos leitores da Biblioteca do Sítio para a Mini Biblioteca de Curitiba. E pode ter certeza de que foram livros que vão durar muito, pois estavam em ótimo estado, de uma coleção recebida de um professor. Eu nunca daria um livro que está todo rasgado, arranhado e não pode ser usado por mais ninguém. Coloque na reciclagem. E eu não daria aos administradores da Mini Biblioteca a tarefa de decidir se é ou não lixo. pois estavam em excelentes condições, de uma coleção recebida de um professor. Eu nunca daria um livro que está todo rasgado, arranhado e não pode ser usado por mais ninguém. Coloque na reciclagem. E eu não daria a Mini Biblioteca
administradores a tarefa de decidir se é ou não lixo. pois estavam em excelentes condições, de uma coleção recebida de um professor. Eu nunca daria um livro que está todo rasgado, arranhado e não pode ser usado por mais ninguém. Coloque na reciclagem. E eu não daria aos administradores da Mini Biblioteca a tarefa de decidir se é ou não lixo.
Livros para nós não são dinheiro. Não lucramos com a biblioteca, nem precisamos ou precisamos de ajuda do governo em nenhum momento, então essas ideias são descartadas.
Vou deixar bem claro aqui: Nosso nicho de trabalho é com livros, que são selecionados, limpos, colados, restaurados, carimbados e cuidados com os leitores. Nossa tarefa não é reciclar. Fazer com que o maior número de pessoas da região da Anhaia tenha livros para ler nas mãos é nossa tarefa. Já conquistamos diversos apoiadores da nossa iniciativa, já recebemos doações de livros novos, que nem sequer foram tocados, direto das prateleiras dos próprios doadores. Sim, gostamos de livros novos, não temos nada contra eles, principalmente porque estão indo para as mãos de quem está começando no mundo dos livros agora. Assim como não temos nada contra os livros antigos, com as marcas do tempo, desde que ainda estejam em uso e que ainda levem histórias para muitos leitores por muitos anos. Estante, e assim recebemos muitos livros, diretamente de coleções e estantes, novas e antigas.
E continuaremos a orientar nossos amigos, ou amigos de amigos, leitores, pessoas simpáticas à nossa iniciativa e futuros interessados em doar livros, para que não doem páginas rasgadas, riscadas, desatualizadas, perdidas, comidas por cachorros, por mariposas, porque eles irão direto para as mãos de novos leitores, e não para a reciclagem, porque esse não é o nosso foco de trabalho.
Acredito totalmente no ciclo de leitura e que os livros de que precisamos sempre virão até nós. Recebemos uma doação de nosso ex-professor de jornalismo ambiental, que coleciona uma coleção de livros ao longo de 25 anos na profissão. Eram livros sobre preservação, meio ambiente e natureza que se encaixavam perfeitamente na Biblioteca localizada na Serra do Mar. E isso só para citar uma das muitas doações que recebemos.
Orientar as pessoas sobre o que é certo e errado na hora de doar, principalmente se quem vai receber essa doação não lida com reciclagem, me parece a coisa certa a fazer. Na verdade, essa orientação é urgente e necessária.
Alessandro, se puder, gostaria de pedir que publique meu outro texto sobre doação. Acredito que seria muito útil, já que a discussão esteve presente.